terça-feira, 6 de setembro de 2011

SURDO-MUDO





No murmúrio do olhar, sossegos

Deslumbro e encantamento

Palavras na ponta dos dedos

Duma voz feita de vento.

Ouve-se o calor, timbre veludo

Em silêncio, silencio mudo.



São palavras ditas com o olhar

Em sorrisos de leve tom

A magia dos dedos a bailar

Numa conversa quase sem som.

De que nos vale o dom divino de falar

Se no silêncio, não soubermos escutar?



E se mostra irrefutável este meio

Está na força de viver, viver calado

Trauteando abraços fortes em paleio

Num peito cheio, de significado.

E se decifra nos gestos da boca

Angustia que se solta, que nos toca.



As suas mãos, flexões verbais

Sem embaraços nem compromisso,

Nasciam delas, tão triviais

Mil rostos e um sorriso.

O silêncio intenso e a emoção

De quem fala com a expressão.



E apesar de surdo-mudo

Com o coração,

Nos dizem tudo.



Regensburg

16-09-20

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