No murmúrio do olhar, sossegos
Deslumbro e encantamento
Palavras na ponta dos dedos
Duma voz feita de vento.
Ouve-se o calor, timbre veludo
Em silêncio, silencio mudo.
São palavras ditas com o olhar
Em sorrisos de leve tom
A magia dos dedos a bailar
Numa conversa quase sem som.
De que nos vale o dom divino de falar
Se no silêncio, não soubermos escutar?
E se mostra irrefutável este meio
Está na força de viver, viver calado
Trauteando abraços fortes em paleio
Num peito cheio, de significado.
E se decifra nos gestos da boca
Angustia que se solta, que nos toca.
As suas mãos, flexões verbais
Sem embaraços nem compromisso,
Nasciam delas, tão triviais
Mil rostos e um sorriso.
O silêncio intenso e a emoção
De quem fala com a expressão.
E apesar de surdo-mudo
Com o coração,
Nos dizem tudo.
Regensburg
16-09-20
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