quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Surdez, linguagem e inclusão escolar


A linguagem é responsável pela regulação da atividade psíquica humana,

pois é ela que permeia a estruturação dos processos cognitivos. Assim,

é assumida como constitutiva do sujeito, pois possibilita interações

fundamentais para a construção do conhecimento (Vigotski, 2001). A linguagem

é adquirida na vida social e é com ela que o sujeito se constitui

como tal, com suas características humanas, diferenciando-se dos demais

animais. É no contato com a linguagem, integrando uma sociedade que

faz uso dela, que o sujeito a adquire. Já para as pessoas surdas, esse contato

revela-se prejudicado, pois a língua oral é percebida por meio do canal auditivo,

alterado nestas pessoas.

Assim, os sujeitos surdos pela defasagem auditiva enfrentam dificuldades

para entrar em contato com a língua do grupo social no qual

estão inseridos (Góes, 1996). Desse modo, no caso de crianças surdas, o

atraso de linguagem pode trazer conseqüências emocionais, sociais e

cognitivas, mesmo que realizem aprendizado tardio de uma língua.

Devido às dificuldades acarretadas pelas questões de linguagem, observa-

se que as crianças surdas encontram-se defasadas no que diz respeito

à escolarização, sem o adequado desenvolvimento e com um conhecimento

aquém do esperado para sua idade. Disso advém a necessidade de elaboração

de propostas educacionais que atendam às necessidades dos sujeitos

surdos, favorecendo o desenvolvimento efetivo de suas capacidades.

Partindo do conhecimento sobre as línguas de sinais, amplamente

utilizadas pelas comunidades surdas, surge a proposta de educação bilíngüe

que toma a língua de sinais como própria dos surdos, sendo esta, portanto,

a que deve ser adquirida primeiramente. É a partir desta língua que

o sujeito surdo deverá entrar em contato com a língua majoritária de seu

grupo social, que será, para ele, sua segunda língua. Assim, do mesmo

modo que ocorre quando as crianças ouvintes aprendem a falar, a criança

surda exposta à língua de sinais irá adquiri-la e poderá desenvolver-se, no

que diz respeito aos aspectos cognitivos e lingüísticos, de acordo com sua

capacidade. A proposta de educação bilíngüe, ou bilingüismo, como é

comumente chamada, tem como objetivo educacional tornar presentes

duas línguas no contexto escolar, no qual estão inseridos alunos surdos.

Discutir a educação de surdos implica discutir também o tema inclusão

escolar, tratado mundialmente.                                                 Cristina Broglia Feitosa de Lacerda












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